Sunday, October 08, 2006

besame mucho(ou para os mais íntimos, cunilingus)

— dá-me um chupão, disse ela, coxas entre o retesado e o eflúvio, via em dupla mão prestes a bobulhar.
ele em se aproximando lambia-a como a um semi-dec. mais aos beiços que a epiderme contra a cara, quase.

— assim não! quero-te um chupão. anda! morde com força, arrasta a língua e vira de ponta a cabeça o meu clítóris, que para tí podes chamar de nininho.

e ele, entre o esgueirando-se e o esforçando-se para ser delicado, evita por hora embate frontal. causa provável, misto de aparelho em uso e dentes frontais por demasiado afastados pra seu gosto, mas se em pentelhos, garfos em alhadas, se mais se aproximasse. em loucuras isto já quase pelo inevitável.

ela, entre o desejo de ser insaciável e a vocação para guarda de trânsito. frêmito só. mãos a sinalizar a entrada do túnel para o qual não impunha limite de velocidade.
— dá-me um chupão! dá-me um chupão. repetia com lábios em viaduto de bases trêmulas. onde habitantes sob, pequena colonia de bactérias, alí apenas para contribuir com gosto peculiar as partes chupadas, em taxas, que último ginecologista consultado, taxou como dentro dos parâmetros, dermacyd noves fora.

muito com cerimônia, educadamente servia-se de tais partes com fino gosto de formosura. umbigo ao vapor .virilhas au naturel e grandes lábios, quem sabe, à bechamel. era um gourmand, poder-se-ia concluir. decerto que para os pequenos lábios não abdicaria do uso de aparelho como extrator de ostras cruas, embora as maõs já previamente adequadas em lavanda francesa. mas os pentelhos, os miseráveis não convidados dos pentelhos, não estariam em seus planos. detestava algas. por mais que tentassem convencer-lhe de que suas propriedades eram vitais para a saúde como um todo.

como um todo não haveria de comer não, enquanto insistentemente ouvia a já agora cantilena, — dá-me um chupão, dá-me um chupão, com força, mete a boca em tudo, tudo dentro, dentro, mãos a galgar-lhe o pescoço, já agora azáfama sobre boca, nariz, olhos e ouvidos, desespêro rompante de quem alcançando planalto, vislumbra cume, prévia da vista, d´onde lançaria-se para gozo sem para-quedas, inútil firula em meio aos líquidos quentes rompendo a fervura de tantos e quantos banhos-maria.

dá-me um chupão, dá—me um chupão! dá-me, dá-me, dá-me. ladainha, já a atiçar-lhe os nervos. de tal forma que os prazeres da carne começavam a não lhe falar mais ao pau. nem que fosse comida japonesa. queria deliciar-se aos picadinhos, porosidades por porosidades. papilas gustativas em ordenada ereção a suster as nuances de sabores e phs só perceptiveis para quem hábil por anos e anos de treinamento em diferençar as mais sutís peculiaridades, daquilo que os comuns mortais tratam como caldo de buceta e pronto. sem mais delongas. bocas cheias de tacacás a escorrer. sem nada a declarar sobre os ingredientes e especiarias que porventura em mais ou menos de quantidades e intensidades. para aqueles era meter a boca e ui-ui-ui, com pentelho e tudo. cuspiam um ou outro entalado na garganta e por pouco não arrotavam. sem mais mistérios e preciosidades que a vida tem outros tipos de fomes que come os interiores sem deixar nada de fora.

não era a dele. sendo ele tipo que aprecia entradas, prato principal e segundo menu, mais as sobremesas, com o decór dos talheres postos à mesa irretocáveis em forma e uso. irmanados a companhia de guardanapos e toalhas, que por sua vez estabeleciam em corte, a convivência com taças em suas posturas de suntuosidades longilíneas, devidamente valorizadas pelo cristal de origem. um verdadeiro ritual rumo aos prazeres da boca. não que fosse afrescalhado,´magina. sua tara era outra, bem outra ainda mais tarada. e sendo assim cuidava para que as coisas fossem ao patamar elevado nunca menos que a categoria de perfeição. como só assim se poderia desfrutar dos prazeres da carne ou peixe, não que esta mulher tivesse algo de sereia. até porque, se assim o fosse, já teria lhe dado um trato as escamas. retirando-as uma a uma com seu infalível método de quase cauterização uni-celular.

chupa, chupa! o dá-me não se fazia mais ouvir. mas era se como. mulher infernal. deve ser daquelas que fala de boca cheia. porções a mais na boca. confabulava já irritadíssimo com tal serviço de alto-falantes a querer lhe ensinar o pai nosso que me chupais dando-lhe nos nervos, atrapalhando em muito sua concentração, que preferia ouvir algo menos rococó a combinar com aqueles pequenos lábios, trazidos para fora pelas maõs de um mestre tal qual revirava as internas de um salmão na táboa.

chupaaaaaaáa, chupaaaaaaáá! agudo de louçaria trincada a perfurar-lhe o tímpano. justo no momento que chegara a consagração dos pequenos lábios na ponta de seus dedos, devidamente lavados e esterelizados, com mais vagar as unhas, que se assim não, podem estragar o sabor de muitos pratos. justíssimo quando tem alí, como pérola acordada do repouso em seda, o clitóris. de vermelho escarlate preciosidade por ninguém assim apreciada. a tal ponto de que o orgamos em sí era proveniente já do espaço micrón entre a ponta de sua língua e a ostra agora debulhada.


chupa porra! chupa porra! mete a boca dentro, chupa esta buceta seu filho da puta cagão! e mal ouvindo aquela verdadeira trovoada sentiu um puxão de tal ordem que sua boca atarrachara o clitóris agora incrustado em seu aparelho corretivo da queixada.

a mulher num gozo pantagruélico, nem notou quando ele afastou-se já com o clitóris decepado na boca, ostra não fosse, peróla de sangue dentada ao aparelho.

por segundos, que julga ser mais de 30, a mulher esvai-se em fluxos e refluxos de um gozo em contorções de extirpada. sempre a gritar — aí que me chupastes a buceta como um deus, como um deus, que nenhum homem me fez assim, arrancando-me gozo da carne mais que dantes viva.

ele, não mais suportando o grasnado, os arrulhos, os desafinos, retirou-se do entre-coxas, da cama, do quarto, em busca de nacos do silêncio que acalma todo crime cometido. e por tal feito, foi para a sala, onde com a ajuda de um guardanapo de linho do nepal, espremeu um lima de vez, somando-a a delicia da degustação. enfim sós, ostra incrustada no aparelho, única exceção de toda uma vida para não uso dos talheres apropriados, quem diria. e por tal, gozou-a e deglutiu-a enquanto pode até a chegada do instituto médico legal, inventariando odores e tessituras que ninguém jamais supora existir.

ao fundo, sua suite preferida. e um branco que foi o último daquela safra.
hanibal, decididamente, agora tinha certeza, era uma amador. e muito do sem modos, permitindo-se uma última chupada quase derrapada por um sílvo da sucção, ainda que sutil como somente ele soubera ser em todos os cunilingus praticados, sempre à carater.

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