Quero me abstrair nessas coxas e bundas,
Putas maduras, jovens, noviças, professas,
do único vero Deus, sacerdotisas veras:
Ah, não sair mais dessas fendas e riscas!
Que pés maravilhosos: vôo para o amante,
Voltam só com o amante, descansam apenas
Durante o amor, no leito, depois de gentis mimam
Os pés do amante, que exausto, lasso, se encolhe.
Premiados, aflorados, beijados, lambidos.
Das plantas aos dedos, chupados um a um,
Aos tornozelos, aos lagos de veias lentas,
Pés mais belos que os pés de apóstolos e heróis.
Mas ora, o que é isso tudo, Putas, perto dos
Vossos cus e bucetas, cujos visão, gosto,
odor e tato transformam fiéis em eleitos,
Taernáculo, relicários do impudor.
Por isso, minhas irmãs, nessas coxas e budas
Quero abstrair-me todo, únicas companheiras,
belas maduras, jovens, noviças, professas,
E nunca mais sair dessas fendas e riscas.
Paul Verlaine, Overture, in Para ser Caluniado
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