por acidente,
tragédia, dor de barriga ou vento encausado. caiu, tombou, morreu. ai
logo vem unzinho qualquer e diante do cadáver sussura para o próximo do
lado: a morte é feia.
quem
disse? quem viu? quem fuçou a cara da dita cuja pra fazer tamanha
afirmação? quem o fez não disse nem que sim, nem que não. tava de
sacanagem? vai lá se saber. mas é fato de quem viu não disse nada. mesmo
os suspeitos que dizem que foram e voltaram. falam de luz no fim do
túnel. mas desde quando luz no fim do túnel é a cara da morte? l uz no
fim do túnel é a cara do dois irmãos.
porra,
mas que mania de dizer que a morte é feia; quando o que e feio é o
presunto ou a presuntada. comigo não rola esta história. quer saber, pra
mim a morte não é feia não. acho que rola qualquer coisa nem que seja
de coxas finas, cotovêlos limpos, nariz discreto mas empinado. qualquer
coisa de beleza num certo mistério que quase todo mundo vê como história
de terror mas que como toda história de terror toda a gente tem
curiosidade de saber qual é. mas ninguém quer enfrentar assim de peito e
olhos abertos. e muito menos de braguilha aberta. deveriam? sei lá,
cada um é cada um, e cada um tem a sua morte pairando sobre a cabeça nos
assuntando feito largatixa. e de vez em quando, ela aciona o bodoque.
nós não já fizemos isto com elas quando crianças?
não
fico em cima do muro. não acho que a questão seja urtiga. questiono,
ah! questiono sim, que a morte seja feia ou tão feia assim. ainda vou
tirar a dúvida. mas não tenho pressa. quer dizer, acho que ela é que não
tem, ainda. temos outras prioridades ao que parece.
mas cá pra nós: duvido que, seja qual for a cara dessa dona, ela não valha uma punheta.
se não, porque será que todo mundo que tem pau, quando morre, morre de pau duro?
a
morte nós dá uma bolinada antes de nos botar de pés juntos? é um ocaso a
se pensar. e ai vem o meu único receio: que nesta posição ela me aperte
os ovos enquanto possa ainda tê-los.